Jesus
como Água, Luz e a Própria Vida
Esta semana, a nossa caminhada com Jesus
continua a crescer
Três cenas poderosas do Evangelho de São João preenchem a nossa semana. Elas representam uma profunda reflexão sobre o significado de Jesus para a comunidade que leu primeiro o Quarto Evangelho e, também, para nós hoje.
Devemos ler as histórias com cuidado. É
necessário participar da interação entre Jesus e seus personagens. Queremos
envolver-nos em cada questão, cada mal-entendido, cada mudança de expressão,
cada subida no nível de tensão e cada transformação das pessoas
Ao longo desta semana, é possível ficarmos mais ligados à dinâmica das histórias, porque elas fazem parte do retiro. Esta semana pode ajudar-nos a reconhecer qual foi a graça do retiro até agora. A mulher à beira do poço, o homem cego de nascença e Lázaro, amigo de Jesus, representam-nos como sentimos Jesus neste retiro.
A graça virá quando eu perceber que estive ao pé do poço, muito tempo, e estava com muita sede. Ao dar nome à nova sede, a Água que agora satisfaz aquela sede, eu venço a resistência que me resta para confiar. Quando vejo Jesus revelar-se para mim, ao revelar-me a mim próprio para mim, desse modo mostrando-me a minha necessidade dele como Salvador, alegro-me e digo ao mundo todo o que me aconteceu.
A graça vem quando percebo que os meus olhos se abriram. Outras pessoas podem não acreditar que eu vejo, mas eu sei que devo continuar a repetir tal graça para mim e para os outros. Posso sentir-me rejeitado por algumas pessoas por referir-me a esta nova visão, mas à Luz vejo claramente aquele que me curou e agradeço-lhe e louvo-o.
A graça vem quando sinto como as minhas mortes não acabarão em morte, mas em dar glória a Deus. Quando eu sinto como sepultado eu estava, preso e amarrado, não mais vivo, morto há muito tempo, sinto o poder de Jesus que eu procuro.
Usemos os recursos para permitirmos que estas contemplações sejam parte do background de cada dia desta semana. A nossa gratidão aumenta ao perceber que Jesus veio para nós. As nossas escolhas confirmam-se, tornamo-nos um com ele ao vivermos as nossas vidas, em harmonia crescente com o seu amor por nós.
Podemos começar melhor esta semana ao fazermos, cuidadosamente, cada uma das três leituras. Foram escritas com tanto cuidado! Estes três retratos de Jesus revelam-nos meios maravilhosos de descobrir a mesma presença de Jesus no nosso dia-a-dia. A chave para esta semana está em permitir que estas histórias façam parte do background da nossa semana. Quanto mais familiarizados nos tornamos com a dinâmica dos três encontros com Jesus, melhor estaremos ao encontrarmos frutos quando refletimos ao longo da semana sobre a dinâmica das nossas vidas com Jesus.
Escolhamos uma história e abramo-la às nossas reflexões. Assim, começamos a ver questões para ruminá-las durante a semana.
Por que a Samaritana veio à fonte ao meio-dia, a hora mais quente do dia? Ela quis evitar a ocasião que outras mulheres da cidade iam ao poço? Quais são os lugares da minha rotina onde me sinto constrangida, onde evito falar com os outros? Quais são os poços do meio-dia da minha vida? Consigo imaginar Jesus aproximando-se de mim lá?
Jesus tenta revelar-lhe que está com sede – talvez tenha sede de intimidade com ela – mas ela descarta-o. Ela não é digna. Não vale a pena. Quando ele se oferece para satisfazer-lhe a sede, ela descarta-o. Ele não pode dar-lhe o que ela precisa, pelo menos ao pé deste poço e sem balde. Como eu descarto Jesus, com desculpas, com problemas, com barreiras? Não tenho tempo; nunca fiz isso antes; sou muito complicado (a); não sei como encontrá-lo nesta desordem.
Ao dizer-lhe que a conhece, ela percebe que está na presença de alguém especial – talvez aquele por quem sentira sede toda a vida. Permito que Jesus me mostre que ele me conhece e me entende? Acho as palavras para dizer que ele é aquele por quem senti sede toda a minha vida?
O homem cego de nascença tirou a lama dos olhos no lago chamado Siloam, “Aquele que é enviado.” Como Jesus é um lago para tirar a lama dos meus olhos para poder ver?
Logo que consegue ver, a sua vida tornou-se muito difícil. As pessoas espantavam-se e indagavam se aquele homem era o mesmo que elas acreditavam ser incapaz de ver. A restauração da visão mudou-o de modo a surpreender os outros com a transformação. Tanto medo parece envolver a restauração da visão! Que temores existem agora para claramente ver quem Jesus é, e que escolhas devo fazer para acompanhá-lo?
Marta está muito triste com a morte de Lázaro, mas há um toque de mágoa em relação a Jesus ao dizer-lhe: “Senhor, se estivesses aqui o meu irmão não teria morrido.” Onde há ressentimento pelas perdas na minha vida e eu, de certo modo, culpo Deus em vez de vê-las como ocasiões onde a glória de Deus se revela? Mesmo quando Jesus diz a Marta, “eu sou aquele que ressuscita os mortos para a vida!” ela acha difícil acreditar que ele se refira àquele momento, ao irmão que está morto. Quantas vezes já duvidei que Jesus pudesse trazer a vida?
Jesus chora ao pé da tumba de Lázaro. Ele não põe barreiras a seus sentimentos ante a morte. Estaria olhando fixamente e encarando o túmulo da sua própria morte? Estou com ele ali? De pé, sou capaz de encarar os túmulos na minha vida diária?
Jesus grita as palavras libertadoras da vida, “Lázaro, sai daí!” Qual é o grito de Jesus para mim, hoje? Esta semana, pela manhã, ao calçar os chinelos ou vestir o roupão, preparo-me para o dia. E à noite, agradeço por esta caminhada profunda. Tudo é graça. Tudo versa sobre a união com Jesus. Tudo é para a maior glória de Deus e para o serviço ao outro.
Uma das grandes descobertas da vida é a diferença entre o possível e o provável. Esta semana continuamos sendo atraídos pelos sinais de Jesus para a pessoa e missão “Daquele que Faz Sinais.” Ele continua a fazer gestos que tornam tanto ele quanto seus caminhos, possíveis para alguns e improváveis para outros.
O Evangelho de São João tem nos primeiros doze capítulos sinais luminosos não só do poder de Jesus como também do seu desejo de provocar respostas. Há sempre o aparentemente impossível para estes sinais. “Eles não têm mais vinho.” “Você não tem um balde.” “Temos apenas cinco pães e dois peixes, mas o que representam para tantas pessoas?” Jesus provoca discussão e oposição ao mover-se do impossível para o sinal. Há sempre as tensões à superfície que não têm nada a ver com a tensão interior de acreditar ou não acreditar.
Somos convidados esta semana a rezar com as nossas próprias soluções e respostas. Ouvimos seu chamado para nós mesmos (as) sermos sinais. ficamos pasmos, tal qual a mulher ao pé do poço, ante este homem que nos disse tudo sobre nós. Ele oferece-nos mais do que discernimento: água viva que sempre nos sustentará. “Como pode ser?” Sabemos que nos foi dado um novo sinal para vermos Jesus. É real para nós? “Quero vê-lo para adorá-lo.” Agora vemo-lo, agora não o vemos. Fomos levantados da morte, mas é isto a vida real? Ficamos no túmulo durante muito tempo. As coisas podem parecer prováveis, mas são possíveis na realidade das nossas simples vidas?
O Livro dos Sinais no Evangelho de João prepara-nos como discípulos para vivermos mais livremente nossos valores confiando na possibilidade de estar com Aquele que transformou alienação em crença, cegueira em sinal de fé e morte em vida.
Rezamos com certo ceticismo, também. Os sinais de Jesus confundiram muitos e eles não mais o seguiram. Ele usou palavras duras e nós pensamos se é possível continuar com ele ao mover-se em direção a oposições e conflitos maiores. Rezamos com os nossos medos ao vê-lo passar de provocador a suspeito, ressentido e condenado.
Esta semana, rezamos com ele que muda o sentido da água, da luz e da vida para nós. Rezamos com nossas atrações e medos: rezamos com nossas dúvidas e nossos desejos de continuar a segui-lo. “A quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna.”
Querido Jesus, Quero estar mais perto de ti, esta semana, sentir-me melhor com tudo que fazes e a maneira como desafias as pessoas. Eu amo ver-te tocar, curar e confortar tanta gente. No início, eu observava-te à distância, vendo quão gentil eras com as outras pessoas. Depois, eu vi quão gentil eras comigo. As tuas palavras de conforto dão-me o senso do teu amor por mim. Quando queres usar palavras mais desafiadoras, tomas a minha mão e olhas para mim, calmamente, convidando-me a ter coragem. Sinto que me arrastas para uma amizade mais profunda contigo, tu que te tornaste um amigo tão íntimo.
Li o Evangelho sobre a mulher à beira do poço. Vou lá, à hora mais quente do dia, quando não há ninguém por lá. Só quero a água e sair de lá antes de encontrar alguém da cidade que me rejeite ou zombe de mim. Mas, no lugar disso, eu encontro-te, sentado ao lado do poço como se estivesses à minha espera. Convidas-me para saciar a minha sede com um
tipo diferente de água e, de repente, compreendo quanta sede e saudade há
Os teus olhos castanhos fixam-se nos meus olhos ao reconheceres os meus pecados. Mas nenhuma das minhas falhas tem importância. Já as varrestes com a tua compaixão. Todas as razões que eu tenho para manter distância de Deus não importam mais. Os meus pecados, o fato de não ser, realmente, uma boa pessoa, de ter cometido tantos erros, nada disso tem importância, porque me convidaste para uma vida nova.
Tenho um novo senso de liberdade, a mesma
liberdade que vejo em ti ao quebrares barreiras sociais ao conversares com uma
Samaritana humilde como eu. De certa forma sinto-me mais leve e tudo que quero
é dizer a todos, aos gritos, o que sinto. “Vinde e vede!” Quero falar a todos
sobre ti, aqueles que me rejeitaram e aqueles de quem tenho medo. Nenhum dos
meus medos importa mais, porque tenho as tuas boas notícias, a tua água viva e a
liberdade que vejo
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